domingo, 26 de agosto de 2012


 Começamos a oficina na Escola Estadual Judite de Oliveira, no bairro Orlando Dantas. Como era previsto, encontramos muitas crianças inquietas e retraídas. Se no começo nos preocupamos com a melhor forma de incluí-los no nosso projeto, depois percebemos que aos poucos eles vão contribuindo de forma muito interessante, num processo similar à conquista amorosa, onde cada passo é dado com muito cuidado e com uma preocupação gigantesca. Foi muito importante se dar conta que a imaginação une e é uma boa linguagem para se começar qualquer trabalho. A imaginação espanta qualquer estranhamento e nos transporta juntos para o mesmo lugar, para o mesmo objetivo. Mas como falar em objetivo, concentração, estranhamento, silêncio, e tantas outras coisas mais com crianças de 8 a 14 anos? Esse é o nosso desafio e um desafio nada fácil. A nossa turma além (e apesar) de muito jovem, já traz marcas claras de repressão imposta pela educação, seja a institucional, ou da família, ou da sociedade. Confesso que foi completamente desesperador e desafiante encontrar crianças que não conseguiam nem mesmo dizer seu nome, que estão habituadas a estarem sentadas, que se negam a participar de qualquer jogo. A dificuldade de ter a voz e  o que se deve fazer com esse direito parece realmente assustar não só as crianças, mas os adolescentes. Eu me pergunto o que acontece nas salas de aulas, se realmente conseguiram tratar os alunos através do método do adestramento, tal qual a música do Pink Floyd. Me pergunto porque algumas crianças não conseguem nem sonhar. E é nossa função - nossa do grupo Oxente e sua caro leitor - reapresentá-los à imaginação. Pois, é a partir dela que as crianças podem começar a estabelecer metas, é a partir dela que as crianças podem aprender o que é  perspectiva de vida . Através dela, elas podem entrar num trem e fazer escolhas, emabarcar na viagem, ou ficar na estação. E é muito bom perceber que aos poucos, elas já fazem suas própria escolhas, e aprendem com elas.                   

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