As aulas na Casa Cria continuam a todo vapor, inclusive em dias de sol ou de chuva, até porque o teatro nos aquece e acalenta e não sentimos frio quando estamos ombro a ombro discutindo sobre as obras do nosso dramaturgo de estudo. Ler Senhora dos Afogados nos fez inclusive perder a noção das horas, nos fez repensar sobre leitura e começar a discutir sobre construção da personagem, montagem, direção, trabalho de autor, porque acreditamos que o nosso trabalho corporal e físico deve ser sempre acompanhado de um bom trabalho mental, de discussão e de formação. E tem sido assim nas últimas aulas, sem tirar Nelson Rodrigues da cabeça, estamos conciliando o trabalho corporal com o trabalho intelectual. E nós que realizamos a oficina estamos cada vez mais surpreso com os talentos que estão surgindo enquanto organizamos a nossa Mostra com as 17 peças do Nelson Rodgrigues. Paralelamente a isso o trabalho corporal tem continuado, temos nos preocupado em perceber e em sentir partes do nosso corpo e estamos os trabalhando por partes, desde a cabeça até os pés - passando pelo bumbum e pelas mãos que assim como diz a Moema "as mãos são mais culpadas no amor, pecam mais, acariciam, mais" - Esse trabalho lento é importante para começar a falar com nossos corpos, saber transformar o texto e a palavra (tão importante na nossa profissão) em ação. Porque no teatro a poesia é feita com o corpo-palavra e é preciso saber dizer algo não apenas verbalmente, com o intuito de provocar outros sentimentos naqueles que nos assisti, para nos provocar o choro ou o riso (como a Ely Daisy me faz toda aula). É preciso consciência e é preciso CRIAR, como temos feito com as obras de Nelson Rodrigues e tem sido uma experiência maravilhosa perceber que assim como os textos de Nelson Rodrigues me cativaram, se acaso não estão os cativando, estão despertando incriveis talentos.
Muito lindo. Parabéns pela postagem. Nos re-criamos em cada amanhecer. Mila
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