sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Criando 100 de Nelson

As aulas na Casa Cria continuam a todo vapor, inclusive em dias de sol ou de chuva, até porque o teatro nos aquece e acalenta e não sentimos frio quando estamos ombro a ombro discutindo sobre as obras do nosso dramaturgo de estudo. Ler Senhora dos Afogados nos fez inclusive perder a noção das horas, nos fez repensar sobre leitura e começar a discutir sobre construção da personagem, montagem, direção, trabalho de autor, porque acreditamos que o nosso trabalho corporal e físico deve ser sempre acompanhado de um bom trabalho mental, de discussão e de formação. E tem sido assim nas últimas aulas, sem tirar Nelson Rodrigues da cabeça, estamos conciliando o trabalho corporal com o trabalho intelectual. E nós que realizamos a oficina estamos cada vez mais surpreso com os talentos que estão surgindo enquanto organizamos a nossa Mostra com as 17 peças do Nelson Rodgrigues. Paralelamente a isso o trabalho corporal tem continuado, temos nos preocupado em perceber e em sentir partes do nosso corpo e estamos os trabalhando por partes, desde a cabeça até os pés - passando pelo bumbum e pelas mãos que assim como diz a Moema "as mãos são mais culpadas no amor, pecam mais, acariciam, mais" - Esse trabalho lento é importante para começar a falar com nossos corpos, saber transformar o texto e a palavra (tão importante na nossa profissão) em ação. Porque no teatro a poesia é feita com o corpo-palavra e é preciso saber dizer algo não apenas verbalmente, com o intuito de  provocar outros sentimentos naqueles que nos assisti, para nos provocar o choro ou o riso (como a Ely Daisy me faz toda aula). É preciso consciência e é preciso CRIAR, como temos feito com as obras de Nelson Rodrigues e tem sido uma experiência maravilhosa perceber que assim como os textos de Nelson Rodrigues me cativaram, se acaso não estão os cativando, estão despertando incriveis talentos.

Um comentário:

  1. Muito lindo. Parabéns pela postagem. Nos re-criamos em cada amanhecer. Mila

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