sábado, 11 de agosto de 2012

"pois paz sem voz, paz  sem voz
não é paz é medo"


Essa semana demos continuidade à Oficina de Iniciação Teatral no Colégio Estadual Santos Dumont. E não precisamos dizer que o carinho, respeito e apego a todos eles está crescendo cada dia mais. Em cada aluno já trazemos uma história, uma narrativa que não é expressa em palavras, mas já se denuncia em cada gesto, em cada olhar e na necessidade de que a aula se estenda para além das horas. E a saudade que permanece assim que nos despedimos não se encerra no dia seguinte, ansiosamente esperamos por aquele momento e que transpomos as paredes e viajamos além do espaço da escola e muito além do nosso corpo. Nossos queridos jovens conseguiram viajar para outros lugares maravilhosos, com direito a cachoeira, pássaros e acompanhantes. As aulas tem dado espaço para que os alunos repensem a sua postura, e a sua escola. Repensem sobre seus direitos e sobre seus deveres dentro do colégio, e que possam inclusive, planejar uma melhor estratégia de convívio com os professores e demais colegas. O direito de beber água, de ocupar os corredores e o sacrifício de viver trancafiados dentro de uma sala de aula tem sido constantemente questionado e repensado durante nossos encontros. Essa falta de voz, esse aprisionamento do corpo, das ideias, tem levado a educação brasileira para onde? Queremos silêncio para que as aulas fluam bem, queremos alunos comportados e quietos para que possamos ter paz, uma paz que pune, que homogeniza, que ignora as individualidades e que excluem a criatividade. Por isso, ou temos como "produto" - termo cruel mesmo - seres humanos mecanizados, ou  vemos toda a energia e agitação juvenil ser dispensada de forma negativa, como os outros alunos da escola que vivem incomodando nossas aulas batendo na porta, ou se pendurando no buraco do ar condicionado - aposto que é vontade de participar também. Talvez por isso tudo, haja uma resistência com o comprometimento, com o silêncio, com a disciplina. Talvez por essas coisas, o nosso trabalho tem sido cauteloso, cuidadoso e com uma resposta que tem feito com que eu me apaixone mais e mais. Conhecer cada iniciado, ver novas amizades surgir entre eles, perceber como o teatro está os modificando e criando responsabilidades tem me tornado um ser humano melhor, tem estruturado ainda mais o Grupo Oxente, tem nos organizado e nos feito felizes. Estamos como pais, de primeira viagem, que estão encantados com seus filhos!

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