sábado, 4 de agosto de 2012

"E o estranho agora me é conhecido"

Após varar a madrugada em plena faxina na Casa Cria para poder receber os alunos da oficina desse sábado,  estávamos todos curiosos e ansiosos para conhecer aqueles com quem conviveremos por três maravilhosos meses! Logo cedo, aos poucos, os alunos foram surgindo. Em cada pessoa que entrava na Casa (se) Cria(ava) uma grande expectativa. Durante toda a madrugada desejamos que a o espaço se contaminasse com energias positivas, de pessoas que estão dispostas a contribuir e a criar no nosso Lar. Uma surpresa inusitada deixou todos extasiados logo no início. Fomos visitados por Seu Hildebrando - vivido pelo querido César Leite - que diretamente de São Paulo veio nos dar boas vindas. Ver a Casa Cria ontem ainda suja, ontem ainda sem vida ser palco de uma performance desse nível, foi como ter certeza que as coisas acontecem nos lugares certos, com as pessoas certas. A mostra que o ator César Leite nos proporcionou permitiu ilustrar o grande perigo -  como alertou o próprio - de se apaixonar perdidamente pelo Teatro. E com os três amantes mais loucos - Euler Lopes, Tânia Maria e Sandro Américo - e sob a coordenação de um insano apaixonado - Edmilson Suassuna - demos prosseguimento as nossas atividade, que sempre ilustradas com exemplos vividos possibilitaram trabalhar a questão da energia do ator, a memorização, o poder do olhar, o contato com o outro. Antes do intervalo, uma simples dinâmica de abraçar os companheiros fez com que todos parecessem amigos íntimos durante o lanche. Ver todos aqueles novos companheiros tornarem-se velhos amigos, encostados na parede me fez ver que o teatro une, resgata, transforma. Como disse nossa aluna Camila, o teatro torna o estranho, um grande conhecido. Um maravilhoso íntimo que nos faz ver a nossa própria identidade. E por falar em identidade, como lembrei do Bauman e do Tomás Tadeu essa manhã. Sim, a modernidade líquida tem nos propiciado um ócio insustentável, tem nos devorado com a solidão e nos trancafiado num corpo cheio de amarras, repletos de vigília e punição - tal qual as coisas que o Foucault deve ter dito em um livro que eu me prometi ler, mas que nunca cumpro. Em nossa avaliação, os "tímidos" se revelaram verdadeiros críticos, verdadeiros criadores de uma atmosfera de esperança, de coragem e de transformação. Vencer o ócio, sentar no chão, ter os pés no chão como há anos não se fazia - não é Gisélia? - cuidar do nosso mascote de 13 anos, preocupar-se em não faltar, e esquecer o relógio que marca as horas que nos aprisiona, muitas coisas para uma manhã apenas. Muita vontade de trabalhar, de conhecer, de ser família nos toma. A Casa já traz as marcas e a lembrança de todos vocês e implora, avidamente, para que o sábado não demore!

Um comentário:

  1. Muito obrigada! Foi tudo tão maravilhoso e mágico! Abraços, Camila

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